terça-feira, 1 de junho de 2010

INDAGAÇÕES SOBRE CURRÍCULO: Currículo e desenvolvimento humano

Segundo a autora, o objetivo da escola é garantir a continuidade da espécie, transmitindo de geração para geração todas as informações adquiridas no decorrer do desenvolvimento humano, onde os avós transmitem aos pais, que vão transmitir aos seus filhos conhecimentos que levarão aos seus descendentes e, o professor é responsável por levar parte desse conhecimento de forma pedagógica aos alunos.

Com o desenvolvimento cultural da humanidade houve a necessidade de se criar um espaço que fosse destinado apenas para essa transmissão de saberes.

A escola foi criada a cerca de 4500 anos, no momento histórico da invenção da escrita e da matemática, do desenvolvimento da geometria e da expansão de certas práticas artísticas (Lima, 2007 p. 17).

Após a invenção da escrita a humanidade teve uma aceleração no seu desenvolvimento, fazendo com que o que era ensinado à 20 ou 30 anos atrás tenha se tornado obsoleto. Novas técnicas de ensino tem sido criadas para acompanhar esse crescimento. O professor não está na sala de aula para ser apenas mais um adulto com quem a criança vai interagir, ele está ali para fazer com ela um processo de humanização, processo esse que leva o ser humano a se apropriar de formas de comunicação que tende a aquisição de conhecimentos para a utilização dos instrumentos culturais tão necessários no cotidiano.

A autora se refere a psicologia como sendo a maior influência que a educação teve durante grande parte do século XX e, diz que não há currículo ingênuo, pois nem sempre ele é favorável ao processo de humanização.

Um currículo para a formação humana não pode se prender somente na vida cotidiana do aluno, ele é também responsável em promover novos conhecimentos, introduzindo-o em um mundo de diversidades, de novas experiências culturais.

As escolas do antigo Egito, Suméria e Grécia tinham como eixo central a escrita , a matemática e as artes, ensinava-se a leitura a todos, inclusive, os escravos que acompanhavam os filhos dos senhores as escolas também aprendiam a ler com o intuito de ajudá-los nas lições de casa e, eram também chamados de pedagogos na Roma antiga. Na antiga Grécia a música era tão importante no currículo como era a escrita e a literatura.

Com tantas técnicas novas, hoje depende-se muito mais de conhecimento em todas as áreas, tanto culturais como tecnológicas, há alunos que chegam em sala de aula com um vocabulário totalmente voltado para a era digital e o profissional que não acompanhar essa tendência pode perder muito no momento em que vai transmitir o conhecimento.

O desenvolvimento humano se dá a partir do nascimento de um indivíduo, que passa por várias etapas no seu desenvolvimento: infância, adolescência, maturidade e velhice e, no decorrer desse processo passa por transformações sucessivas que são marcadas pela evolução biológica e pela vivência cultural.

O cérebro do ser humano apresenta, desde o seu nascimento, uma plasticidade incrível que é capaz de armazenar todo tipo de informação, de aprender: diversas línguas, formas de se defender, tomar decisões, a criar diversas maneiras de sobrevivência, etc. Essa plasticidade tem seu grau máximo na infância, as crianças tem uma facilidade muito grande de armazenar informações , essa capacidade quando utilizada de forma adequada traz muitos benefícios na hora da aprendizagem. Nesta fase, costuma-se estabelecer o que cada criança deve aprender, no entanto deveria ser totalmente diferente, pois sabe-se que cada ser é diferente do outro e, que não se mede a capacidade de aprendizagem pela idade. Uma criança é tão capaz de aprender, de reter conhecimento na medida que são apresentados à ela, pode aprender ao mesmo tempo a nadar, correr, desenhar, falar diferentes idiomas do seu e tantas outras coisas mais, é neste momento que ela se envolve com sua cultura através de brincadeiras, faz de contas, festas, rituais, celebrações que ajudam a criança a se inserir no meio.

Com o avanço tecnológico, criou-se novos caminhos para o desenvolvimento cultural. Outras culturas tem sido vistas através da internet ou tv, assuntos que até então eram desconhecidos em alguns meios, chegam até elas com velocidade tal que, por muitas vezes se tem conhecimento de algum fato novo em tempo real, em outras épocas uma cultura não sabia quase nada ou até mesmo nada sobre a outra cultura. Hoje as pessoas dizem que a violência tem aumentado cada dia mais, porém, o que muitos não sabem é que atualmente não se faz necessário estar presente no local do acontecimento, basta apenas está conectado a algum veículo de comunicação para se tomar ciência do que acontece do outro lado do mundo.

A criança tem seu lado visual mais desenvolvido e, é por esse motivo que seu aprendizado se torna facilitado quando ocorre a inserção de símbolos, que as conduzem a utilização da imaginação principalmente quando se associa os símbolos a alguma palavra no período em que elas começam a ler e escrever. O currículo precisa mobilizar de forma adequada esses elementos para que a aprendizagem se efetue. O educando expressa através de símbolos sua maneira de perceber a vida.

Todo ser humano é dotado de cinco sentidos, embora, em alguns, certos sentidos não funcionam adequadamente ou simplesmente não funcionam, porém quando ocorre a ausência de alguns deles, esse mesmo sentido é substituído por outro. Quando se tem contato com algo que se gosta através da audição ou visão torna-se mais fácil o aprendizado. Cada professor encontra uma forma de levar ao aluno, de forma mais agradável, o que se pretende ensinar.

Toda aprendizagem envolve a memória. Todo ser humano tem memória e utiliza seus conteúdos a todo momento. São três os movimentos da memória: o de evocar, o de arquivar e o de esquecer, (Lima 2007 p. 29).

Há certas experiências vividas que são guardadas na memória pela vida inteira, por exemplo, o nascimento de um filho, cada mãe sabe contar, com riqueza de detalhes, cada momento vivido naquelas horas como se estivessem dando a luz enquanto recordam, não importando há quanto tempo tal fato ocorreu, essa memória é conhecida como memória de longa duração, entretanto, pode ocorrer o contrário, quando é algo que vai se utilizar com frequência, esquece-se quase que imediatamente após receber a informação.


É costume que crianças de 5 à 7 anos sejam matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental, onde inicia-se sua jornada como estudante, onde educandos e educadores vão encontrar juntos formas de ensinar e aprender.

A autora diz que: “toda criança indo ou não a escola ela se desenvolve. O desenvolvimento acontece independentemente da escola, cada espécie tem sua forma de se desenvolver, há uma aprendizagem de vida que não se obtém somente na escola. Na escola se obtém conhecimento como ler e escrever”. Portanto, na elaboração do currículo deve-se considerar o que é o desenvolvimento da espécie.

A instituição escolar existe para levar o aluno a um conhecimento mais elevado. Existe uma diferença desproporcional entre o que a criança aprende sozinha e o conhecimento formal, segundo Wallon (1990). O professor é transmissor do conhecimento formal, ele e o aluno devem ser incluídos na discussão sobre o currículo. É ele quem ajuda na construção do conhecimento.

A interdisciplinaridade veio para ajudar na aprendizagem, casos de pessoas que não conseguiam aprender a ler e escrever pelos métodos tradicionais, foi feita a inserção de atividades novas juntamente no currículo escolar, foram incluídas atividades que não são aplicadas pelo professor que auxiliam o aluno que tem algum tipo de dificuldade, são utilizados recursos como textos, informática, etc.

Devido as particularidades do conhecimento formal o trabalho com o educando não pode se restringir a transmitir o conhecimento, mas deve incluir, também, formas de apropriação do conhecimento posto (Lima, 2007 p. 52)


Referência:

Lima, Elvira Souza. 2007, Indagações sobre currículo: currículo e desenvolvimento humano- Ministério da Educação, Secretária de Educação Básica, Brasília.